14 de junho de 2011

BOPE: Outra policia?




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A atuação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro na invasão dos bombeiros ao Quartel Central do CBMERJ levou à opinião pública a discussão de certa dicotomia existente entre os policiais militares “convencionais” e os “especializados”, no caso específico do célebre e festejado BOPE, da PMERJ.  Com treinamento, uniforme, remuneração, missão e cultura diferenciadas, o que justifica considerar osconvencionais e os especiais uma mesma polícia?
Quanto mais as polícias formam grupamentos com missões específicas, algo necessário e inevitável, mais a competitividade que faz parte de todo e qualquer traço da trajetória capitalista se aprofunda. As unidades especializadas operacionais repressivas, por exemplo, como o BOPE (PMERJ), a ROTA (PMESP) e outras célebres em cada estado do país, glamurizadas como as SWAT’s norte-americanas, são vistas como “queridinhas” nas corporações, apesar de boa parte dos policiais se dedicarem a seguir padrões estéticos e simbólicos próprios destas unidades. Os convencionais vêem os especializados como arrogantes e metidos.
Já os especializados, criticam a maneira a-técnica e desleixada que muitas vezes os policiais ordinários atuam. A corrupção, dizem os mitos cinematográficos, não é coisa de especializado, mas algo presente no dia-a-dia daqueles que estão infiltrados na comunidade, e que não vivem a rotina de treinamento e de operações de alto risco. “Ser polícia”, segundo este raciocínio, é viver trocas de tiro, fazer incursões, invadir presídios, desarmar bombas, negociar a libertação de reféns.
As incompreensões e divergências são notáveis, mas o grupo “de preto” sai ganhando na visibilidade e admiração, pois são “eles” os enaltecidos pela mídia e pela opinião pública. São eles os especializados, enquanto os demais, tidos como generalistas e indefinidamente “ordinários” não possuem o mesmo quinhão de notabilidade.
Não seria mais adequado que estas neopolícias de gênese bopeana estivessem separadas das polícias “convencionais”? Será que confundir a missão cotidiana do policial, que precisa atuar negociadamente com a comunidade, com o trabalho de alto risco repressivo não seria um equívoco? Quais as consequências desta ambivalência, em que há algumas unidades policiais com traços culturais e simbólicos definidos e outras anômicas? As especializações repressiva e preventiva não justificaria uma divisão para que cada vertente enaltecesse e fomentasse suas práticas internamente, inclusive no que se à formação?
Esses imbróglios corporativos são pantanosos e polêmicos, sempre geram muitos ferimentos no amor-próprio das partes envolvidas. Este texto é apenas um convite à reflexão, baseado numa certeza: a divisão existe, e intuitivamente podemos dizer que ela não está sendo encarada como mera especialização de atividades profissionais. O abismo é muito mais profundo do que os discursos apaziguadores pretendem colocar.
  Estas e outras interessantes matérias estão no blog: abordagem policial.
  Colaboração - Tenente Danilo Ferreira.


                                                     

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