Foi frustrante para o governo a primeira notícia recebida dos
servidores federais, após o esforço de negociações para pôr fim à greve
que tumultua os serviços públicos há mais de três meses. Servidores da
Polícia Federal, primeiros a concluírem a consulta às bases nos estados,
recusaram nesta segunda a proposta de 15,8% de reajuste, em três
parcelas anuais de 5%. Decidiram preparar calendário de greves e
protestos até o fim do ano.
Como consequência, serviços tais como,
emissão de passaportes e de registro de armas ficarão ainda mais
prejudicados em locais como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, onde
há grandes filas. Serão afetadas investigações de rotina e operações de
combate à corrupção e ao crime organizado. O controle do tráfico de
drogas e armas nas fronteiras também deve ser prejudicado.
A
Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informou que a
categoria dispensa o reajuste e não abre mão da reestruturação da
carreira e sua equiparação com as demais categorias de nível superior.
"Desde o início deixamos claro que não estamos negociando índice, mas
sim a reestruturação da carreira. Não queremos esse aumento, nossa luta é
antiga e independe desse prazo de 31 de agosto", afirmou o diretor de
Estratégia Sindical da entidade, Paulo Paes.
Hoje, só delegados
têm o reconhecimento de carreira de nível superior. Agentes, escrivães,
papiloscopistas e servidores administrativos ganham como profissionais
de nível médio, embora se exija deles curso superior. Caso a medida
fosse adotada, o impacto seria de mais de 60% na folha salarial de mais
de 10 mil policiais. O governo não admite abrir exceção.
Esse embate tende a se acirrar porque a presidente Dilma Rousseff já avisou
que não aceitará prejuízos à segurança pública, ilegalidades ou
excessos dos policiais, que costumam usar armas nos seus protestos. Ela
determinou que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, corte o
ponto dos faltosos e puna com rigor, inclusive com demissão, os que
cometerem excessos.
Termina nesta terça o prazo para
que todas as categorias respondam se aceitam o índice linear de 15,8%
oferecido pelo governo. As que rejeitarem ficarão sem aumento no
orçamento de 2013, cujo projeto de lei será enviado pelo Executivo ao
Congresso na sexta-feira.
Até agora, saíram da greve docentes e
técnicos das instituições federais de ensino, além dos agentes do
Departamento Penitenciário Nacional.
Dirigentes sindicais dos
servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comunicaram que vão
assinar o acordo, mesma posição sinalizada pelos fiscais agropecuários
do Ministério da Agricultura.
A maior parte das categorias faziam
consultas às bases nesta segunda. a tendência é que a maioria assine o
acordo e encerre a greve. Para facilitar a negociação, o governo admitiu
reverter o corte dos dias parados, que só será negociado caso a caso
com as categorias que retornarem ao trabalho.
* FONTE: Estadão
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